ménage
Partimos, Ilana, meu primo Carlos (nome fictício porque o cara é chato demais e doravante será denominado Infeliz) e eu para o Arraial d'Ajuda de carro para passar o carnaval. Íamos ficar na Pitinga, a pousada da minha mãe.
Mas, Maria Paula, se o cara é tão chato assim por que decidiram passar o carnaval com ele?
Há certas coisas que a gente não decide e nem sequer escolhe, ex: família - parente a gente não escolhe, se escolhesse eu só teria primo gato e inteligente. A pedido da minha super-avó topei levar esse baú-sem-alça para a Bahia.
Saímos do Rio no pior horário possível - fim do dia. É claro, porque tanto Ilana quanto eu trabalhávamos o dia todo. Mas o Infeliz não trabalhava e reclamava incessantemente. Vai ser uma longa viagem! Pegamos a ponte e, é claro, aquele engarrafamento monstro na BR. Campos parecia inatingível, como se fosse uma cidade vizinha a Cingapura. Nossa! Como tem caminhão na estrada!
O que mais me espanta é a disposição da galera de pegar estrada nas condições em que elas se encontram... Parecem um queijo suíço. Faixa única para ir e para vir. Rodovia Federal!!! Em outra viagem, com Jeremy e Armando, chocamos o Jeremy dizendo: "This is a highway!" Voltando ao assunto. Os motoristas também não ajudavam: ultrapassagens pelo acostamento (nas estradas que têm acostamento, é óbvio!), ultrapassagens arriscadas, excesso de velocidade, barbeiragens... (ô galera para dirigir mal!)
Conseguimos chegar a Vitória a duras penas depois de vááárias horas... Precisávamos dormir. Mas onde? Todos os hotéis de beira de estrada lotados e a não havia possibilidade de entrar na cidade e se perder lá dentro (ah, porque quem me conhece, sabe que eu me perco fácil). Aí o Infeliz começa:
- Vamos para Viana. Tem um hotel lá maneiro.
Era fora do caminho, mas o cara encheu tanto o saco que resolvemos ir. É claro que não havia lugar em nenhum hotel e a "gorjeta" que o cara ofereceu não levou a nada. Queria o quê? O cara é mão de vaca e oferece R$5,00 para arranjarem um quarto pra gente... Ninguém merece! Resolvi tomar as rédeas :
- Vamos dormir em um motel e ponto! Quem não quiser, dorme no carro!
Entramos no motel. Pedimos um quarto. O cara da portaria disse que eles não aceitavam três pessoas, que era um motel de respeito (haha!). Eu não acreditei! Motel de respeito? Meu primo queria convencer o cara a deixar a gente dormir lá. Mas quem disse que chato convence? Chato vence pelo cansaço...
Conseguimos depois de muitos apelos. Fome! Muita fome! Ilana e eu pedimos frango com fritas e arroz. O Infeliz olha pra aquela comida e diz:
- Vocês vão comer comida de motel? Que nojo!
E a Ilana que ainda controlava sua irritação:
- Ué?!? Por que não? A gente tá cheio de fome...
- Você não sabe como eles fazem essa comida. Eu como amanhã na estrada. A gente pára em algum posto.
Aí o sangue ferveu:
- Carlos, você nunca deu aquela trepada boa que dá uma fome danada, né? Tá na cara! Só paro amanhã quando precisar abastecer ou quando der vontade de fazer xixi. E não discuta comigo porque o carro é meu e você é chato demais!
Depois do banho, Ilana e eu fomos comer. O Infeliz foi tomar seu banho. Depois de uma hora (a donzela leva uma hora no banho...), ele pergunta:
- Alguém tem algodão? Esqueci de trazer e tenho que limpar meu rosto por causa do meu tratamento para espinhas.
- Não! (em coro)
- Maria Paula, desenrola seus cotonetes para eu limpar meu rosto...
- Nem f... Sossega aí e dorme. Não agüento mais a sua voz...
O dia seguinte correu sem eventos e sem a voz dele. A gente já não se dava bem antes, depois dessa viagem então...
Chegamos a Ajuda sãos e salvos. Apesar de tudo...
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