a casa do dindo
No mês passado estive em Tiradentes com minha mãe, Jeremy e Armando. Fomos ao Festival Gastronômico (coisa de gordo que pensa gordo. Hehehe!) e ao longo de muitas garrafas de vinho vieram lembranças. Lembranças de pessoas que se foram, que ficaram, que eram muito queridas, que eram chatíssimas etc.
De repente, uma pessoa que se foi há mais de 10 anos sentou-se à nossa mesa: meu padrinho Paulo Silveira. Uma das figuras mais curiosas que já conheci. Não tenho como postar um foto dele. Meu álbum de infância está em uma caixa durante a nova reforma da minha casa. Imaginem o cara: uma figura gorda, sentada num sofá de couro verde escuro de dois lugares com um copo de whisky (ele bebia 1 lintro por dia) numa das mãos e um cigarro na outra. Ele estava sempre sorrindo e tinha sempre uma história nova para contar. Era jornalista, comunista e intelectual. Era muito mulherengo também. (Ainda não sei se ele influenciou meu pai ou vice-versa.)
Minha mãe começou a contar as noitadas na casa do meu dindo, das quais não participei por causa da minha pouca idade. A casa estava sempre cheia de jornalistas (o maior deles seu próprio irmão Joel Silveira), escritores e artistas.
Numa dessas soirées, Di Cavalcanti foi com sua mulher, cujo nome não vem à memória agora, à casa de meu padrinho. O papo estava animado, o whisky rolava solto, muitos cigarros, muitos charutos e fervorosas discussões políticas. Minha madrinha, Taís, sempre participou ativamente das conversas, mas não a mulher do Di (que íntima, não?) Ela queria freqüentar a high society e naquela casa de comunista tinha de tudo menos high society. E quando dava os três minutos nela, não havia quem a segurasse, nem mesmo o pobre Di. Ela falava grosso e ele ia, cabisbaixo. Ninguém entendia como os dois continuavam casados, mas rola nos bastidores queo que ele gostava mesmo era dos barracos entre os dois...
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