segunda-feira, julho 31, 2006

dia da avó

DSC00859
Da esquerda para direita: Tia Elza, Tia Cenila, eu, minha avozinha e Dani.


Dia 26 de julho foi o Dia da Avó. É uma pena que a gente só se lembre quando vê no RJTV aquelas matérias onde as vovós choram de emoção pelo seu dia.

A minha avó, D. Antonia ou D. Silvia (já já explico essa dupla identidade), sempre me lembra da data, mas só quando chego na casa dela ou quando não telefono. Ela chega de mansinho e diz:

- Hoje é dia da vó! Não vai me dar parabéns, não?

A minha avó é uma das pessoas mais doces que eu conheço, porém também está entre as mais loucas. Ela tem 87 anos, mas ninguém diz. Muito vaidosa, não sai de casa sem uma écharpe e um sapato de duas cores e não vai ao geriatra de jeito nenhum - diz que é coisa de velho! Admiro demais sua disposição, mas que é louca, ah! isso é. Quer ver?

Pergunte às minhas amigas de escola o nome da minha avó. Todas elas vão responder em coro: D. Silvia! Agora pergunte aos amigos mais recentes ou ao pessoal que trabalhou com ela no antigo Ipase (atual INSS): Antonia! Afinal, qual é o nome dela?

O nome dela é Antonia. Seu apelido é Silvia.

Como assim? Não entendi.

Era uma vez uma menina chamada Antonia que odiava os possíveis apelidos que poderiam derivar de seu nome: Tonica, Toninha sei lá mais o quê. Para evitar que a chamassem por quaisquer deles, adotou o nome Silvia (ela realmente amava o nome, pois minha mãe se chama Maria Silvia) e obrigou todos a ignorar Antonia e a chamá-la de Silvia. A coisa pegou de tal forma que todos os seu irmãos e irmãs a chamam de Silvia. E olha que ela vem de uma família de 11... Já no trabalho, não houve meios de fugir do nome. Ela teve que se conformar em ser Antonia. Pra mim, ela foi Silvia até eu completar 08 anos.

Como assim? Não entendi.

É o seguinte: meus pais se separaram quando eu tinha oito anos. Até aquele momento, vivíamos em uma casa em Sta Teresa onde cada um tinha seu quarto com seu banheiro. Após a separação nos mudamos para um apartamento em Laranjeiras, onde minha avó e eu passamos a dividir o banheiro. Minha mãe, para distinguir nossas toalhas, optou por monogramá-las. As minhas tinham MP. Até aí tudo normal, certo? E as da minha avó tinham AM. Pára tudo! O que está acontencedo? Quem é AM? Ou melhor, quem é a minha avó? Alguma agente secreta? Socorro! Passei horas tentando entender porque minha mãe tinha monogramado as toalhas da minha avó com aquelas letras. Confessem: não ia ser o máximo se ela fosse uma agente da CIA?

- Mãe, tem algo de errado com as toalhas do nosso banheiro. Quem é AM?

- É a sua avó, minha filha.

- Mãe, eu sei ler e a minha avó se chama Silvia.

- Não, minha filha. Sua avó se chama Antonia. E as inciais são para Antonia Martinez.

Meu mundo desabou! Quem? Como? Onde? Quando?

Mas ela continuou se apresentando a todos como Silvia. Aos 75 anos ela decidiu que gostava de Antonia e mudou para Antonia de vez.

Mas, como se diz em inglês: old habits die hard - o hábito faz o monge. Quem a conheceu como Silvia continua chamando-a de Silvia. Quem conheceu como Antonia a chama de Antonia e a conversa segue assim:

- Terezinha, você falou com a Silvia hoje?

- Falei com a Antonia, sim. Vamos jogar um carteado hoje mais tade.

Vai dizer que não parece conversa de bêbado?

A outra cena clássica da D. Silvia ou Antonia (chame-a como quiser) é a constante queixa de males dos 87 anos de idade.

- Ah, minha filha. A velhice é uma tristeza. Não estou enxergando mais nada. Mas, nadinha mesmo. Tenho que marcar meu oculista de novo. Fui no mês passado, mas acho que ele não me examinou direito. Estou cega cega...

Enquanto se queixa da pouca visão ela, sem óculos, enfia a linha na agulha e começa a costurar.

Ninguém merece!

Marcadores:

sexta-feira, julho 28, 2006

mascote do urubu

urubu

Acreditem se quiser, mas a torcida flamenguista está mais jovem a cada dia. Parece que a biogenética conseguiu localizar o cromossomo responsável pelo time que o garoto (XY) vai torcer. Dizem que o tal cromossomo (22,5) só sofre tal mutação em Y e os futuros papais (só pai mesmo, é claro!) já podem escolher para que time seu filhão vai torcer. A febre pegou, a Schincariol está patrocinando as famílias e um laboratório faz mais barato para flamenguistas. Dizem até, que se o futuro papai for vascaíno, algumas falhas no processo acontecem e o garoto nasce flamenguista.

Chromosome

Meu afilhado Guilherme de dois anos, filhos de pais flamenguistas, foi um dos primeiros casos. Vejam:

Tudo girou em torno do urubu: a experiência genética, a data da cesariana (dia 17/04/04 - véspera de jogo), a escolha do obstetra (tinha que ser flamenguista para não adiar o parto) e a primeira roupinha da maternidade (um uniformezinho de tricô, é claro!).

Desde poucos meses ele já tinha fascínio pela bola. Sua primeira palavra foi "Gol". Logo depois veio o grito: MENGO!!!! Figura engraçadíssma! Ele conversa como um rádio sobre muitas coisas, mas o Flamengo é a mais freqüente. Agora ele está ensaiando para trabalhar vendendo camisas e souvenirs do seu time do coração. Vejam que talento nato:

Há cerca de um mês, depois do banho:

- Mamãe, quero dormir com a minha camisa do Flamengo.

Nesse momento seu pai, que estava entrando no seu quarto, ajoelha-se, olha pro céu e diz:

- Obrigado, Senhor!

Alguns dias depois, vestindo com a camisa do time e conversando com seus pais, ele pergunta à sua mãe:

- Mamãe, cadê a sua camisa do Flamengo?

- A mamãe não tem, Gui.

- Papai, compra uma camisa do Flamengo pra mamãe?

- Obrigado, Senhor!


citi abr04 027


Agora ele também está treinando para a seleção da brasileira e está empenhadíssimo em se tornar um craque:

- Papai! Mamãe! Olha só, caí que nem o Ronaldinho!


gui brasil

Marcadores: , ,

terça-feira, julho 25, 2006

parperfeito.com

Outro dia eu estava lendo o blog de um amigo, o Mauro, onde eu de brincadeira postei um comentário perguntando por que certas mulheres atraem tantos homens malucos. Eu, particularmente, sou um pára-raio. Nunca vi coisa igual. Pessoalmente, por telefone, à distância, anonimamente e até, vejam só, pela internet.

Em mais de uma ocasião, a conselho de amigos diversos, me meti em salas de bate-papo e sites de encontros. Só encontrei malucos de todas as cores, credos e ideologias políticas. O mais engraçado são as coincidências. Aí é que a porca torce o rabo. É nessas horas que a gente descobre como o Rio de Janeiro é pequeno. Pequeno e maravilhoso. Prega peças na gente que podem virar comédias da vida privada.


webmatch



O primeiro caso da minha lenda urbana aconteceu há uns quatro anos quando eu estava já no fim de um longo dia de trabalho, esperando meu último aluno do dia para fazer nivelamento. Não, não era a Edna. Fiquem tranqüilos. Resolvi me cadastrar no ParPerfeito para bisbilhotar (sou uma curiosa quase sem medidas). Preenchi meu perfil, escolhi uma foto, preenchi o perfil de quem eu busco, etc. Entrei em uma tela chamada "Buscar Perfis". Apareceu um rosto simpático. Um rapaz bem apessoado. Alguma coisa "de Ipanema". Não me lembro bem. Olhei mais alguns até que na minha tela apareceu uma janelinha. Era o cara me chamando para conversar. Aceitei! O que acontece agora?

- Oi! Podemos tc?

- Claro! Será um prazer.

- Como vc está? Tudo bem?

- Tudo e vc?

- Tudo bem também.

- O que vc faz?

- Tenho uma importadora de colchões em Vitória. E vc?

Nesse momento congelei. Eu já ouvi isso antes! Por que será que tenho a impressão, a impressão não, a certeza que já ouvi isso antes? Onde ouvi isso? Peraí! Já sei!

Desconectei e fingi (pra mim mesma, na verdade) que a conexão havia caído. O cara era um aluno meu que tinha tido algumas aulas particulares comigo no curso para reforço. Aí vocês me perguntam:

- Maria Paula, como você não reconheceu o cara?

E eu te digo:

- Porque a foto, à primeira vista, não parecia nada com ele. Ele estava um gato na foto e ao vivo e em cores...

Sumi durante uma semana do site. O aluno já havia se desligado do curso. Eu estava a salvo. Achei que a experiência teria criado anticorpos em mim, mas não. Claro que não! Está no meu DNA achar gente louca. Quer ver?

Lenda urbana 2: Um mês depois recebi um email na caixa postal do próprio site de um tal de "tencelcrispin". Alto, moreno, olhos verdes, solteiro... Maluco, é óbvio, não constava da descrição. Depois de alguns bata-papos e emails resolvemos nos encontrar. Marcamos no Cabeça Feita em Ipanema. Estabeleci um código com a Walkyria (que saudades!) caso algo desse errado. O código era o seguinte: eu ligaria para o celular dela e desligaria e ela me ligaria de volta para me safar.

Cheguei ao ponto de encontro. Ele já estava lá. (Bonitão. Humm. Interessante.) Levantou-se, puxou a cadeira para eu sentar (humm, um gentleman!), pedimos bebidas e começamos a conversar. Ele não bebia (mau sinal!). Eu devia ter desconfiado... Era militar - Tenente Coronel - "tencel". A noite demorou um pouco a passar mas não foi necessário acionar o botão vermelho.

Apesar, contudo, todavia, mas, porém (citando Rita Lee), na hora de nos despedirmos:

- O seu carro está bem estacionado. Podemos deixá-lo aí.

- Como assim? Deixar meu carro aqui? Eu vou dirigindo para a minha casa.

- Mulher minha eu sempre deixo em casa. Amanhã você vem buscar seu carro. E mulher minha não trabalha também. Acho melhor você avisar no seu trabalho que você vai largar tudo. Você tem uma semana!

Quê?! Eu ouvi isso mesmo? Acionei o botão vermelho!

A Wal me ligou e eu fingi que era meu pai passando mal, saí cantando pneu e com o 190 discado caso o cara me seguisse até em casa.

Ele me ligou 15 vezes no dia seguinte. Mandou emails desaforados. Ufa! Ainda bem que não dei o nome verdadeiro do curso onde trabalho... Nossa! Que medo!!!

Como sou teimosa, entrei no site um mês depois. Um rapaz muito interessante me chamou para conversar na tal janelinha do site.

- Posso tc com vc?

- Claro! Tc de onde?

- Copacabana e vc?

- Leblon. O que vc faz?

- Sou analista de sistema. E vc?

- Professora de inglês.

- Peraí! Foi vc que saiu com meu irmão e desapareceu? O tencelcrispin?

Desliguei. Preciso dizer maias alguma coisa?


Agora, só loucos reais. Virtuais, nunca mais!

Marcadores: , , ,

segunda-feira, julho 24, 2006

racionamento de energia

lampadas


Quem se lembra da época do racionamento de energia? E quem conseguiu esquecer? Era um tal de desliga coisa, troca lâmpada dicroica por fluorescente, o chuveiro elétrico, então, era um vilão. Ar condicionado? Nem pensar! Um luxo! Tudo para chegar às suas metas, alumas completamente pertinentes outras impossíveis. Quem chegou, chegou. Quem não chegou, virou inimigo do Estado.

O lado bom do racionamento? A gente aprendeu a economizar e usar a energia de maneira inteligente. Nossa! Nunca soube que tinha tanta tralha ligada em casa!

O lado ruim? Horas e horas pensando, tentando descobrir o que a gente não precisava muito para poder desligar. E não é que a gente precisava muito de tudo? O que você descobriu que precisava muito só depois que desligou?

Eu descobri que meu ar condicionado era muito mais do que um simples (e maravilhoso, e espetacular, e amado) aparelho de refrigeração. Ele me separava de um mundo que eu nem lembrava mais que existia: os vizinhos! Eu odeio vizinho. Acho que eles nasceram para incomodar você pedindo açúcar na melhor parte daquele filme que você alugou, fez pipoca e abriu uma cerveja. Eles também vêm pedir açúcar quando você resolve namorar fora do horário que eles acham que você deveria estar namorando, quando eles acham que você tem o direito de namorar. Como odeio vizinhos, não tenho mais açúcar em casa. Nem vem pedir, porque não tem!

Mas, voltando ao ar condicionado, ele era meu melhor amigo: me mantinha longe dessa corja. Aí veio o racionamento e tive que dar umas férias ao meu melhor amigo (Feliz dia dos amigos, arzinho, meu amor! Feliz dia 20 de julho!) e descobri novos vizinhos. Ou melhor, eles esqueceram que não havia mais ar ligado, nem na casa deles, nem na de ninguém.

Era uma noite de verão daquelas que a gente derrete, daquelas que a gente amaldiçoou várias vezes durante aquele verão racionado. Acordei por volta das 03:00 suada, agitada, o coração batendo forte e um calor que não era de verão. Fiquei tentando me lembrar que sonho era aquele que tinha me deixado assim. Não conseguia me lembrar. Droga! Estava muito bom para eu acordar assim. Quero mais!

Fez-se silêncio. De repente descubro que não era um sonho caliente a origem daquele calor: era o vizinho do prédio ao lado com uma mulher. Gemidos, bate-coxa, cachorrão pra lá, cachorrão pra cá e várias instruções obscenas: enfia aqui, bota ali, tira, abre, fecha etc. Uau! O cara parecia bom e, cá entre nós, acho que a velharia aqui do meu prédio estava gostando porque ninguém acendeu nenhuma luz, nem reclamou de nada. Acho até que eles devem ter tentado algo...

sex 3

Mas eu preciso admitir que fiquei com vontade de bater na porta do cara no dia seguinte. E se ela fosse a vizinha e ele o convidado? Achei melhor ficar quietinha no meu canto e não me meter em confusão

Marcadores: ,

domingo, julho 23, 2006

inglês macarrônico...

Acho que eu não preciso dizer mais nada a respeito...

DSC00043
Temperos 3 Temperos 2
Temperos 1

Marcadores: , ,

sábado, julho 22, 2006

os incríveis

Em novembro deste ano completo oito anos trabalhando na Wise Up. Trabalhando, não. Lidando com gente louca. Outras pessoas, como a Dani e a Marcela, coitadas, também passam por isso e também têm seus causos para contar. Para quem não sabe, a gente trabalha com atendimento ao cliente (aluno). Há dias em que atendemos 10-12 alunos com algum tipo de problema relacionado ao curso (tempo, dinheiro etc). Resolvi narrar algumas histórias, que não necessariamente aconteceram comigo, mas que retratam a dura realidade de ligar com loucos:

ALUNO 1:
Descrição: Fulana, mulher, 35 anos, casada, não tenho informações sobre filhos, 3o grau completo.


Causo: Estávamos Dani e eu na escola caminhando e conversando pelos corredores. Paramos na recepção. Dani pega a agenda. 15h Fulana com Dani. Nada sobre o assunto do atendimento. Beleza! No problem! Há uma jovem senhora sentada e Dani:

- Fulana? Vamos? Vem com a gente até nossa sala. Em que podemos te ajudar?

- Dani, meu assunto é particular. Preciso conversar a sós com você.

Nessa hora levei a coisa para o pessoal. Ih, devo er sido grossa com essa mulher algum dia, mas não me lembro de ter jamais falado com ela. Dani entra em outra sala e fecha a porta.

- Então, me conta. O que está acontecendo?

- Sabe o que é, Dani? É que quando transo com meu marido, sangra...

A Dani, pára, sacode a cabeça para um lado e outro. Tenta acreditar no que está ouvindo. Pisca. Continua não acreditando no que está ouvindo. Pára de novo. Olha para a aluna e percebe que só lhe resta perguntar:

- E dói?

Pausa. A aluna sacode a cabeça sinalizando que não. O lado mãe da Dani vem à tona e ela lhe diz:


- Acho que você deveria procurar seu ginecologista.

- ALUNO 2:
Descrição: preciso me desculpar junto aos meus poucos leitores, mas precisarei quebrar o sigilo desta aluna. É um impulso mais forte do que eu. Segue foto.


Edna

Vocês devem estar pensando que eu estou gozando com a cara de vocês, mas ela realmente é cara da Edna Moda dos Incríveis. Vou me referir a ela como Edna daqui pra frente. Edna tem tantos casos a contar que ela, por si só, conta como vários alunos.

A comoção começou já na sua chegada à escola. Ela havia sido matriculada pela nossa Giulia. A Edna chega e logo quer ser nivelada pela Dani e só pela Dani porque ela já tinha ouvido o nome da Dani na recepção. Por mais ninguém! Como a Dani não estava, puxei a maluca pra mim. Depois de acalmá-la. Começamos o nivelamento (no nivelamento, a gente sempre aproveita algumas perguntas pessoais para conhecer melhor o aluno e avaliar seu inglês).

- So, Edna, what do you do? (Edna, o que você faz?)

- I'm a History professor.

Ela olha pros lados. Se levanta. Vai até a porta e a fecha. Chega pertinho de mim e, em tom de confidência, me diz:

- Vou te contar uma coisa que não pode sair desta sala. Tem grampo aqui?

- Claro que não!

- Na verdade, uh, hum, quer dizer,..., O Lula (imaginei que fosse o Presidente) não pode saber senão ele me prende.

Prendi a respiração para a informação que estava por vir.

- Eu sou uma jornalista.

E eu, sem entender mais nada. Sem saber porque vim à Terra:

- Pode deixar! Seu segredo está guardado. Ninguém, além de mim, saberá de tal informação. Não queremos que você tenha problemas.

- Olha, que se alguém descobrir, eu vou saber que foi você quem soltou a informação.

Depois de inúmeras ameaças, voltamos ao nivelamento.

- Edna, are you married? (Você é casada?)

- No. Posso falar em português? É que eu tenho um amante.

- Ah, mas isso pode ser muito interessante...

- A gente só se fala quando se encontra, em motéis. É secreto! Não nos falamos por telefone, nem email, nem nada por escrito. Se alguém descobrir, podemos ir presos. Ele também é jornalista.

Meu deus! Alguém me salve! Tá piorando com o tempo!

Dei um jeito de terminar aquela tortura. Afinal, ela já estava sentada à minha frente há quase 40 minutos. Quando eu estava encerrando nossa conversa, ela saca da bolsa um Boletim de Ocorrência e diz:

- Olha, eu não posso pagar o curso, não. Estou sem dinheiro. Roubaram meu carro e trouxe o B.O. para vocês me darem uma bolsa.

Meu deus! Onde isso vai parar?

Desconversei. Encerramos o assunto. A maluca foi embora.

Só mais uma historinha da Edna e encerro o capítulo de hoje. Ela tem lá seus 60 anos. Fuma como uma desvairada, usa colares de búzios enormes, anéis nos dez dedos e, como já disse, é a versão humana da Edna Moda. Achávamos que tudo isso já era suficiente até descobrirmos que ela usava um piercing no umbigo! E como descobrimos isso?

Sábado, turma das 11:00. Ela adentra a sala de aula (ela já tinha tido aula às 08:00) gritando e levantando a blusa:

- Perdi meu piercing! Alguém roubou meu piercing! Era o meu favorito! Vocês têm que achar o meu piercing!

E sai da sala enlouquecida, gritando pelos corredores do Rio Sul e chamando todos os seguranças do shopping para achar o piercing dela.

Nem sei o que aconteceu depois disso. Preferi não saber. Já era loucura demais para a minha saúde...

Marcadores: , ,

terça-feira, julho 18, 2006

churrasquinho de gato

Kitty 1


Todos os dias desde dezembro do ano passado agradeço pelo mito de que os gatos têm sete vidas. Dizem que é apenas um mito:

O costume de se dizer que os gatos têm várias vidas provavelmente deriva de determinadas particularidades anatômicas e fisiológicas desses animais. O tamanho e a conformação dos músculos dos gatos, maiores que dos cães, permitem que os eles dêem saltos bastante ousados. Além disso, eles são exímios equilibristas. Essas características, aliadas a uma grande flexibilidade, agilidade, destreza, garras afiadas, visão e audição aguçadas, permitem que os felinos se safem de muitas situações adversas.

Tive a comprovação de que não se trata apenas de um mito e sim de uma realidade. Não posso falar sobre sete vidas. Pelo menos, mais de uma eles têm. A minha gata Kitty, por exemplo, já gastou uma.

No final do ano passado eu estava trabalhando com o Sérgio na direção do material didático novo da Wise Up. Não tínhamos horário certo de ir nem de vir. A gente já tinha perdido a noção dos dias da semana e a rotina das horas. Chegávamos em casa no meio da noite, da manhã, da tarde. A gente tinha que encaixar a vida num segundinho de paz.

Eis que o Sérgio nos deu um dia off. Viva! Folga! Manicure! Praia! Ginástica! Livros! Eram tantas coisas que nos faziam falta que a gente nem sabia o que fazer nem por onde começar com um dia inteiro só pra gente.

Resolvi malhar de manhã para dar um boa energia ao dia, depois praia e uma ajudinha no visual. Afinal, a maré não está pra peixe. Quando cheguei em casa, a Kitty não estava à porta à minha espera. Chamei-a. Ela miou lá da cozinha. Chamei de novo. Ela miou lá da cozinha de novo, mas não veio ao meu encontro. Pensei: essa gata está fazendo charme. Fui até a cozinha e procurei a gata em todos os cantos. Ela miou de algum canto escondido. Chamei uma última vez e então percebi algo que nunca tinha presenciado antes: o fogão miava!

Agachei na mesma posição em que Napoleão perdeu a guerra para olhar debaixo do fogão. Nada. Abri o forno. Nada. Tentei puxar o fogão para fora do seu nicho (linguagem fashion para o buraco onde um móvel fica embutido), mas não tinha forças para tanto (eu já disse, inclusive no texto anterior que estou gorda, velha e fraca - não necessariaemnte nessa mesma ordem). Os miados da gatinha (ela ainda era bebê) haviam migrado de uns leves e humildes miadinhos para manifestações de raiva e desespero.

Liguei para o zelador, Seu Bráz, para me ajudar. Nossa! Como faz falta ter um homem em casa nessas horas. Na hora de abrir o vidro de palmito também. Bom, isso não vem ao caso agora. Seu Bráz não estava. Falei com sua esposa, Dona Zezé, que normalmente demora um tempinho para entender o que a gente diz. E por que haveria de ser diferente? Eu não conseguia fazer com que ela entendesse. A conversa seguia assim:

- Dona Zezé, preciso muito achar o Seu Bráz. É URGENTE!

- Ahhhhhh, Dona Maria Paula. Ele saiu. Foi ao banco...

- A senhora sabe se ele demora? Que horas ele saiu?

- Ihhhh, Dona Maria Paula. ele saiu tem mais de duas horas. Ele sempre demora no banco. (aí eu já comecei a pensar que o Seu Bráz deveria ter uma amante apelidada de "Banco")

- Dona Zezé, eu tenho uma emergência: a minha gata está presa dentro do fogão e preciso do Seu Bráz para me ajudar a mexer no fogão.

- Uéeeee, Dona Maria Paula, a senhora já tentou abrir o forno?

- Já, Dona Zezé.

- A senhora olhou dentro do forno?

- Olhei, Dona Zezé.

- E ela não tá lá?

- Não, Dona Zezé.

- Uai! Como pode?

- Não sei, Dona Zezé.

- Vou pedir para o meu filho, X, ir aí ajudar a senhora.

Moro nesse prédio há quase dez anos, só tem cinco apartamentos e não tenho noção dos nomes de todos os moradores nem do filho do zelador, que tem seus 40 anos e me cumprimenta quase diariamente.

Nesse meio tempo a gata já não miava mais, urrava.

X (vou me referir a ele assim), fortão, bonitão, com um inconfundível ar de gigolô, sempre de shortinho e sem camisa, chegou lá, ouviu todos os ruídos, tirou a boca do fogão e viu uma patinha da gata.

- A gente vai ter que desmontar o fogão. A senhora tem ferramentas aí?

- Eu? Não. Não tenho...

Enquanto ele tentava, bateu o desespero em mim: peguei as páginas amarelas à procura de uma assistência técnica da Brastemp. Liguei.

- É da assistência técnica da Brastemp?

- Sim. Em que posso ajudar?

- É uma emergência! A senhora precisa me mandar um ténico aqui agora!

- É vazamento? A senhora está sentindo cheiro de gás?

- Não. Meu gato está preso dentro do fogão e preciso de alguém para desmontá-lo. O fogão, não o gato.

- Como assim?

- Moça, não dá tempo de explicar. A senhora tem alguém aí para me mandar?

- Não. Estão todos na rua. Mas vou dar um jeito!

X desce para buscar ferramentas. Chega Seu Bráz. Nem pergunta nada e começa a tentar arrancar aquela parte do fogão de aço inox que eu jamais vou saber o nome porque cozinha pra mim é um território hostil dentro da minha própria casa. Toca o telefone:

- Dona Maria Paula, aqui é da assistência técnica da Brastemp. Só estou ligando para saber como está o gatinho.

- Vivo. E o técnico? Quando vem?

- Não temos nenhum disponível, mas liguei para todas as outras assistências aqui em volta e eles ficaram de me avisar se surgir alguém.

- Tá. Obrigada.

Seu Bráz conseguiu arrancar a tampa e a gata estava toda emaranhada nas hastes do fogão e naquele contatozinho do botão do gás para a boca do fogão. Uma confusão só. A gente nem podia tentar tirá-la de lá para não rasgá-la ao meio. E a gata estava irada! Olhava pra mim com quem diz: E agora? O que você pretende fazer? Vai me deixar aqui?

Uns dez minutos depois ela se desvencilhou. Saiu meio manca, mas bem.

Liguei para a assistência técnica de novo.

- O gato já está bem, mas preciso de alguém para remontar o fogão.

- Sem problemas. Podemos agendar para amanhã?

- Então está marcado!

Depois disso ela nunca mais entrou no fogão, mas eu fiquei na maior paranóia com todos os outros eletrodomésticos: máquina de lavar, geladeira, etc.

Marcadores: ,

segunda-feira, julho 17, 2006

bicicleta com rodinhas

ciclismo



Era um belo sábado ensolarado, céu de brigadeiro, mar calmo, enfim um dia perfeito! Acordei cedo, motivadíssima, para a pedalada que iniciaria em Copacabana e terminaria no Leblon, passando pelo Alto da Boa Vista, Barra e Recreio. Um total de 100km. Eu disse terminaria. Lembrem-se disso.

Saí da casa do meu pai em Copacabana de bicicleta. Encontrei meu amigo Osvaldo no Leblon. Ele tinha tudo preparado para o treino: isotônico, bomba de ar, chaves para todos os tipos de conserto etc.

Partimos animadíssmos para a Vista Chinesa. E toma de subir ladeira. As pessoas sempre exclamam: como deve ser linda a vista lá de cima! E eu só posso dizer: deve ser porque a força que a gente faz para subir, não deixa a gente olhar pros lados... Chegamos à Vista Chinesa, depois Mesa do Imperador, Estrada das Canoas. Ahhhh! Como é bom descer!!!

Mas, como tudo que é bom dura pouco, São Conrado acaba logo e temos que subir o Joá. O Tanaka nunca foi tão longe... Superamos mais essa! Chegamos à Barra! Agora é uma beleza: só reta! É hora de dar um gás na velocidade para chegar logo no Recreio e tomar uma água de coco bem gelada. Ai que delícia!

A água de coco está perfeita: gelada e doce. Mas uma surpresa estragou o momento: meu amigo vem e me diz:

- São 11:20. Tenho que estar em Ipanema às 12:00. (mui amigo!)

- Osvaldo, nós vamos voltar de táxi ou van?

- Como assim? De bike! A gente volta rapidinho.

- Osvaldo, talvez você não tenha notado, mas a gente veio de bike e levou 1h20. Como você pretende voltar em menos tempo? Eu não agüento, não, maluco! Você não acha que devia ter me avisado antes? Ou trata-se de um homicídio em 1o. grau?

Partimos. Não adiantava mais discutir. Quanto mais tempo a gente discutisse, mais força eu teria que fazer e nessa só eu me dava mal. Quando chegamos ao fim da Barra (ou início dependendo do ponto de vista, no meu caso era o fim pois já estávamos chegando ao viaduto do Joá), eu, já desesperada, digo:

- Osvaldo, eu não consigo subir essa serra (ah, porque nessa hora o Alto do Joá parecia a serra de Petrópolis) até a zona sul na velocidade que você quer. Tô velha, gorda e fraca. Nem tenta. Pára tudo e chama um táxi. Não quero mais brincar disso, não!

E não é que infeliz vem com a grande idéia:

- Vamos pelo túnel. Eu te protejo dos carros. Você vai na frente e eu vou mantendo os carros à distância.

Foi nessa hora que eu vi um sinal divino na entrada do viaduto:

sinal

Que eu, idiotamente, ignorei. Segui as instruções do cara. Afinal, ele estava me treinando e eu deveria confiar nele.

Detalhe: as luzes do túnel estavam apagadas. Na verdade, nessa hora, o túnel parecia aquele trem-fantasma do Tivoli, que eu levei uns três anos para ter coragem de entrar. Havia, porém, uma luz no fim do túnel que não era a solução dos meus problemas, pois isso significava que apenas a primeira parte do túnel havia passado. Quando surgiu a claridade, fui para o acostamento, que estava coberto de cascalho. Caí, derrapei, me ralei toda. Quando ia me levantar, vi minha perna toda rasgada. Que horror! Me acalmei quando me lembrei que não estava sozinha.

Mas seria por pouco tempo. Meu mui amigo, preocupado com seu horário, parou uma van no meio do viaduto, me colocou dentro, enfiou minha bicicleta no porta-malas e foi embora. Se alguém quiser um amigo assim, eu dou o telefone - não sou egoísta. Acho que o motorista viu meu desolamento pelo retrovisor. Puxou conversa. Consegui que ele me deixasse usar seu celular a cobrar (o meu estava com meu "amigo"). Ele me deixou na casa da minha avó, que até aquele momento achava que eu só estava meio ralada.

Depois do susto, minha super-avó (ela tinha 84 nessa época) pegou dinheiro e partimos para o hospital. Pegamos um táxi. o motorista, ao ver meu corte, expressou-se de maneira intensa:

- Caralho!

E minha avó prontamente respondeu:

- Jesus Cristo!

No sinal de trânsito, o motorista olhou pra trás e disse:

- Caralho!

E minha avó:

- Jesus cristo!

E assim fomos de Ipanema a Botafogo. Uma verdadeira batalha entre "Caralho" e "Jesus Cristo", onde ninguém ganhou e eu ainda tive que ensinar o caminho do hospital porque o maluco ficou tão nervoso, que teve amnésia. A coitada era eu e eu é quem não teve o direito de ser mulherzinha nessa hora. Os dois estavam pálidos, à beira de um desmaio. Vi a hora que eu ia acabar dirigindo o táxi para socorrer o motorista...

Chegamos ao hospital. Entro pulando num pé só, fantasiada de ciclista (a gente saía a caráter para os treinos), pingando sangue pelo caminho. Me puseram numa cadeira de rodas sob muitos protestos meus.

- Não sou fresca! Não preciso de cadeira de rodas! Dá pro motorista do táxi que está pior do que eu!

Fui para a emergência. Desabei. Não deixava o médico fazer nada sem ter que responder um extenso questionário. Eu queria que fosse que nem no "Plantão Médico" onde os médicos do seriado explicam tudo. O cara já queria me dar uma anestesia geral para ver se eu calava a boca. E a minha avó, coitada, sentada num banquinho assistindo essa cena.

Chegou a hora de dar os pontos. Ai, ai, ai. Anestesia local. Mas antes um calmante para eu deixar o cara me dar a anestesia. Ele me mostra a agulha. Socorro! Tenho horror a agulha! Tento negociar com o cara:

- Doutor, não tem uma bolinha mais forte? Essa analgésico não fez o menor efeito. Me apaga! Por favor!

Ele mudou de agulha para uma menor e foi aplicando de levinho em torno do corte. Antes d'ele me costurar, um último pedido:

- Doutor, testa para ver se toda a área está realmente anestesiada. Tem anestesia mais forte? O senhor não tem mesmo uma bolinha? Umazinha só! Eu não conto pra ninguém! Libera aí, vai!

Nada feito. Superamos os pontos sem maiores traumas para mim, porque o médico jurou que nunca mais queria ver a minha cara. Veio a hora de limpar os ralados. Novo detalhe: seu eu soubesse que limpar os ralados doía muuuuiiiito mais que tomar a anestesia, teria segurado a onde antes de acabar com a paciência do médico. Rezei, mordi uma toalha e mandei ver. E minha avó sentada no mesmo banquinho, assistindo essa cena, mas agora horrorizada.

Voltei para casa. Resolvi ir para casa do meu pai. Mais confortável: empregada, enfermagem particular... Encontrei Maria Antonia, minha irmã pequena e maravilhosa. Hoje ela tem seis anos, mas na época três. E começamos a seguinte conversa:

- Maria Paula, que dodói é esse?

- Caí de bicicleta.

- Eu nunca caí da minha bicicleta. Você tava na ciclovia?

- Não, Maria, eu não estava na ciclovia.

- Ah, Maria Paula, bicicleta não é pra andar na rua. É pra andar na ciclovia. Você tava muito rápido?

- Eu estava, Maria Antonia...

- Ih, Maria Paula, tá tudo errado. Eu não ando rápido. Só devargarzinho. Lá na ciclovia. A sua bicicleta tem rodinha?

- Não.

- Ah, Maria Paula. Então você precisa colocar!

Maria Antonia na Lagoa 2006

Marcadores: ,

sábado, julho 15, 2006

um certo jantar


Era abril, uma quarta-feira qualquer, uns três anos atrás. Dois dias antes, ele tinha me ligado. Ele é o homem por quem tive uma paixão louca, de fazer suspirar, correspondida de forma tímida e estranha, de sua própria maneira. Ele me ligou para dizer que viajaria para São Paulo e que na sua volta, na tal quarta-feira, queria jantar comigo. Queria um jantar especial. Queria que eu fizesse o jantar, porque só assim seria feito com carinho. Havia, e ainda há, apenas um pequeno detalhe: meus dons culinários se extendem até o chá e só. Ele sabia disso e tenho certeza que queria ver como eu reagiria.

Acho que os homens não têm noção do que as mulheres são capazes quando estão apaixonadas...

Há mais alguns detalhes que devem ser mencionados. Eu havia sofrido um acidente há duas semanas e tinha que ir ao hospital verificar os pontos na minha perna direita naquela mesma noite. Infelizmente os pontos não puderam ser retirados e tive que continuar remendada... Auto-apelido: Emília.

Voltando ao telefonema. Desliguei e na mesma hora comecei a navegar por sites de delivery e os cardápios dos restaurantes. Queria servir Pato a Pequim. Me lembrei que a Dani adorava um restaurante chinês na Tijuca. Bati o telefone pra ela. Nervosíssima.

- Dani, ele me ligou para jantar. Estou com os nervos à flor da pele. Me dá o telefone do tal chinês.

Liguei. Eles só serviam porção para seis pessoas. Plano A foi por água abaixo. Parti para o Plano B: escolher dentre os restaurantes do Leblon, uma comida marcante pela sofisticação e, para mim, dificuldade de preparo. Afinal, eu havia sido desafiada. Achei: maigret de pato, com purê de maçã e arroz de fines herbes. Precisávamos de uma entrada: salada de alcachofra com nozes e queijo brie.

Encomendei com algumas horas de antecedência para garantir que nada daria errado. Tudo cronometrado: eu sairia do trabalho, passaria no hospital, depois compraria um assortiment de sobremesas no Ateliê Culinário (ele adora doces) e uns vinhos no Garcia & Rodrigues. Tinto, ele gosta mais de tinto seco, se possível Pinot Noir... Chegaria em casa, sujaria umas panelas (antes eu precisaria decobrir onde estavam naquele território hostil que é a minha cozinha), um CD de blues de edição limitada e out of print, perfume, decote. Pronto! Perfeito! Tudo sairia perfeito!

O combinado tinha sido que ele, ao pegar o vôo em SP, me telefonaria para eu ter uma noção de seus horários. Ele morava, e ainda mora, há dois quarteirões daqui. Percebi que havia um potencial de tudo dar errado (ah, porque nessas horas todas as nossas superstições vêm à tona ao menor sinal de problema - tipo Copa do Mundo, saca?) quando o médico disse que ainda não poderia tirar os 23 pontos da minha canela. Pronto! Começou o efeito borboleta. Quer ver?

Peguei um táxi (estava proibida de dirigir com os pontos) até o Ateliê Culinário. Comprei as sobremesas escolhidas a dedo. Passei no Garcia & Rodrigues para comprar os vinhos. Cheguei em casa junto com o pato. Subi, enfiei a chave na porta e quem disse que a porta abria? E quem disse que eu tinha o telefone do chaveiro aqui do Leblon à mão? Deixei tudo no elevador. Corri até a esquina onde ficava o chaveiro (detalhe: eu também estava proibida de correr com os pontos). Ele teve que trocar tudo e demoraria uma meia-hora. Entrei em casa! Ufa! Ao abrir as embalagens do delivery, descobri que faltava um pato. Liguei para o restaurante.

- Margareth (até hoje lembro do nome da infeliz), você esqueceu de me mandar um pato.
- Dona Maria (odeio quando me chamam de dona Maria), o chef disse que mandou e que não tem nada a ver com o fato d'a senhora ter perdido o pato.
- Eu não perdi o pato! O pato é que esqueceu de vir! Mande outro, por favor.
- O chef não vai fazer outro. (quase chorei nessa hora - íamos acabar comendo pizza, meu deus!)
- Chama o gerente!

Bom, o gerente resolveu tudo como deveria. Fiquei tão nervosa que liguei para a Dani já com os olhos cheios de lágrimas, desesperada. O mundo estava desabando! E o chaveiro olhando pra mim como se eu fosse uma louca fora de controle. A Dani, coitada, também com sua cota de ansiedade em alta (a adorável Pimenta estava dando à luz a uma ninhada de três naquela noite) ainda conseguia me consolar, mas não teve sucesso com as minhas superstições.

O telefone toca. É ele. Chegou. Está indo pra casa tomar um banho. Então só tenho no máximo uma hora para:
- o chaveiro ir embora;
- o pato chegar;
- botar o vinho para resfriar;
- decorar os pratos;
- sujar as panelas;
- achar o CD perfeito;
- tomar banho.

Não vou conseguir! Ligo pra Dani de novo. Ela me acalma, de novo. Fui tomar banho e deixei o chaveiro lá. Tranquei a porta do quarto. Movimento instintivo sem o menor valor porque o cara é um chaveiro e se ele for um tarado, nada vai impedi-lo de entrar. Me dê um desconto, por favor: eu estava fora de mim. Experimentei várias roupas até o chaveiro me garantir que estava bom. Ele foi embora. Procurei o CD e nada! Liguei pra Dani.

- Mary, respira fundo. Agora abre a gaveta. Ela não está arrumada em ordem alfabética? (meu lado virginiano gritando). Então? Agora olha CD por CD. Calma. Não esqueça de respirar. Achou? Viu? Agora relaxa. Toma uma whisky.

Toca o interfone e eu ainda no telefone com a Dani.

- Dani, não sei se é o pato ou o cara! Tô perdida! Meu jantar está arruinado!

Era o pato. Ufa! Botei o vinho para resfriar, decorei os pratos e sujei as panelas.

A campainha tocou novamente. Era ele. O resto eu não vou contar, não.

Marcadores: , ,

quinta-feira, julho 13, 2006

a mensagem perfeita

Ele acorda naquele dia como todos os dias. Espreguiça. Mas a preguiça fala mais alto. Ainda tem 10 minutos até o despertador gritar ao seu ouvido: LEVANTA!

Com vagar, cambaleia até o banheiro, abre a água quente do chuveiro e, enquanto espera a água esquentar, escova os dentes. O banho o desperta e de repente cai a ficha: é o aniversário dela!

Eles se conheceram em um bar. Houve troca de olhares e pouca conversa. Não trocaram telefones, nem email, nem login no Orkut, nem MSN Messenger. Nossa! Como a teconologia da informação quebrou o romantismo daquele momento: Posso te ligar? Me dá seu telefone? Hoje em dia a gente não tem mais onde se esconder. Nem precisa mais se falar, basta se escrever via mensagens de texto no celular, achar a pessoas no Skype, Orkut, Gazzag, sabe-se lá mais o que... O lado positivo, ele a achou no meio de todo este caos tecnológico. Mandou uma mensagem. Mas não se encontraram nem falaram mais. O lado negro da tecnologia.


Ahhhh, mas a tecnologia também tem seu lado positivo. Com uma rede complexa de informações como essa, não levou mais que 1 minuto para saber que ela fazia aniversário. E que motivo melhor para enviar uma mensagem? Seria perfeito poder telefonar, mas ele não tem seu telefone (não que fosse impossível de descobrir, mas aí já beira a loucura meio George Orwell em 1984)




O que fazer? Ele queria mesmo era telefonar pra ela. Saber se ela vai comemorar. Quem sabe ela não quer tomar um choppinho? Queria lhe dar flores. Beleza, mas ele não tem telefone dela e se arrepende de não ter pedido... Só tem uma solução: mandar um email. Escrever algo num desses sites de networking é tão impessoal. Todo mundo bisbilhota. Não há privacidade nenhuma.

Agora é que são elas: o que escrever? A mensagem tem que ser perfeita! O que é uma mensagem perfeita? É preciso tomar cuidado para não ser frio, para não parecer um cara carente, para mostrar interesse sem ser piegas, sem ser brega, sem ser afoito. Tudo para não espantar. Nossa! Como está difícil se conhecer...

Ele ensaia. Escreve várias versões do email. Salva como rascunho. Relê. Edita. Corrige umas coisinhas. Envia. Agora é esperar...

Marcadores: , ,

quarta-feira, julho 12, 2006

o pascoal existe!


Quem assisitu alguns capítulos de Belíssima não pôde deixar de notar o Pascoal, personagem de Gianecchini, muito criticado no começo da novela, mas que foi conquistando o público e fez o maior sucesso com seu par romântico com Cláudia Raia. Hoje descobri que ele existe em carne e osso. Não estou falando do Gianecchini (esse todos nós sabemos, e especialmente a Marília Gabriela..) Estou falando do Fernando, que trabalha no 0800 da Editora Abril. Ele fala igualzinho ao Pascoal. Chegou a subir um frio na espinha. Aquele sotaque do bexiga pesado, puxando nos erres e nos enes, com os mesmos erros de português que o gatíssimo Pascoal. A conversa foi assim:

MP: Bom dia! Recebi um novo carnê referente a assinatura da minha revista, porém a assinatura foi paga no mês passado.

F.: Oh, moça, eu prreciso confirrmarr umas inforrmação da sinhora. Enderrreço de entrrega da revista?

MP dá o endereço.

F.: Os telefone de contato são os mesmo? xxxx-xxxx e yyyy-yyyy?

MP: sim!

F.: Eu tô vendo aqui que a assinatura da sinhorrra tá paga mesmo. Intão, a sinhorra inguinora esse carrnê. I si a sinhorrra recebê otro, liga prra gente, mas pode inguinroar esse tembém.

MP: Obrigada e bom dia

Noooossa!!! Queria muito ver uma foto do cara, mas tenho certeza que não seria um Gianecchini... É uma pena...

Marcadores:

terça-feira, julho 11, 2006

vida boa...

Que saudade de Noronha!



Que saudade daquele mar!


Que saudade da vida marinha de lá!


Que saudade da paisagem!

Marcadores: , ,

domingo, julho 09, 2006

a mulher de 35 encontra a mulher de 33

A Mulher de 35 (nome temporário plagiado da Mulher de 33) encontrou a Mulher de 33 no sábado à noite para um estudo sociológico anunciado no jornal que aconteceria nas cercanias da minha casa.















A Mulher de 35 ainda não tinha lido o jornal naquele dia quando o Homem de 35 lhe enviou uma mensagem sobre o evento. Imediatamente, tendo lido vários relatos da Mulher de 33, liguei para a mesma e combinamos de nos encontrar. Nós duas jamais pensamos que ali encontraríamos nosso Príncipe (apesar do horóscopo de sexta-feira), mas não custava ir verificar o que acontecia. O que não se faz pela ciência?

O Homem de 35, ao saber de nossa empreitada, imediatamente se ofereceu para os acompanhar. Afinal, a busca pela felicidade e alma gêmea tem que ser testemunhada e registrada devidamente.

Estatística do projeto: 75% de homens e mulhers de 50, 15% de jovens de 25, 10% de homens e mulheres na faixa etária adequada para nossa pesquisa e um Homem de uns 38 muito interessante.

Só faltavam 3 caipiroskas para eu encontrar a minha lama gêmea, pois até a quinta, ainda não tinha chegado. Com medo de não reconhecer a minha alma gêmea com oito caipiroskas na cabeça, achei de bom tom ir pra casa e continuar a busca no próximo fim de semana.

Marcadores: ,

sexta-feira, julho 07, 2006

virgem de 23/08 a 22/09 - mercúrio

O GLOBO - 07/07/06

"Este período pode colocar no seu caminho romances secretos, paixões incomuns. Não se espante se receber uma bela declaração de amor surpresa ou do fenômeno do amor à primeira vista. Há possibilidade de encontrar alguém que tenha muita afinidade espiritual com você. "

Não seria bom se o horóscopo não fosse inventado pelos redatores dos jornais todos os dias? Adorei este que estava no jornal hoje sobre meu signo. Ouvi uma história de fonte segura sobre a redação dos horóscopos.

Havia um jovem jornalista, Antonio (nome verdadeiro) que ficara encarregado de diariamente conversar com a astróloga que prestava serviços ao Correio Diário (nome fictício) para que o horóscopo fosse corretamente publicado. Este jovem jornalista e seus colegas de trabalho tinham um amigo, o Epaminondas (nome fictício) que trabalhava próximo ao jornal e que tomava suas decisões cotidianas somente após ler o horóscopo do Correio Diário. Em certa ocasião, o Epaminondas chegou animadíssimo ao buteco com novidades a contar. Era fim do dia, quando os rapazes se encontravam para tomar uma cerveja bem gelada antes de ir pra casa.

- Conheci uma mulher lindíssima, peguei seu telefone e vamos sair para jantar amanhã. Vocês não acreditam no avião que ela é!

Os amigos e o jovem jornalista, que preferiam perder o amigo a perder a piada, sairam do bar e voltaram ao Correio Diário. Deram uns trocados ao redator e voltaram sorridentes pra casa. No dia seguinte após o almoço, Antonio telefona ao Epaminondas:

- Epaminondas, meu amigo! Li hoje em uma revista sofisticadíssima sobre um restaurante supimpa para o seu encontro à noite.

O Epaminondas, com a voz tomada de frustração, responde:

- Caro Antonio, tive que desmarcar meu tão esperado jantar. Conto-lhe tudo amanhã, pois o melhor que tenho a fazer é ir pra casa. Não quero falar sobre isso agora.

Sobre a mesa de Antonio havia o Correio Diário aberto na seção de horóscopo, onde dizia:

Áries: dia impróprio para o amor. Você poderá se sentir pouco social durante todo o dia de hoje devido à passagem de Urano em seu signo.

Marcadores:

perder a copa é bom?

Não, mas traz benefícios. Oba! Esse ano tem Copa!! Mas lembra que também tem eleições? E é das grandes: pra Presidente, Governador, etc. Agora que a Copa passou, está na hora de se concentrar na partida política, com aqueles jogadores que se dizem brasileiros, com aqueles jogadores que há muito não dão o sangue para conquistar títulos ao Brasil.

Marcadores: , , ,

quinta-feira, julho 06, 2006

ah, a copa...



Ah, a Copa. Só acontece de quatro em quatro anos. Demora tanto pra chegar, acaba tão rápido quando chega. Ah, a Copa. Vira o mundo de cabeça pra baixo. Vira o ar que o mundo respira. Intoxica. Ah, a Copa. Deixa o mundo tão pequeno e tão grande. Japão e Brasil vizinhos. Ah, a Copa. Une e separa. Amigos num dia, adversários no outro. Alegria ou tristeza? Ah, a Copa. Um dia brasileiros, no outro portugueses. Agora italianos ou franceses?

Marcadores: , ,

quarta-feira, julho 05, 2006

a+j

ArmJer

É assim que eles assinam os emails de saudades que mandam. Era assim que assinavam os torpedos que mandavam. Foi assim que me conquistaram. Simples assim. E é assim que estaremos daqui a uma semana. Não é mentira! Mesmo eu não conseguindo acreditar. Meus "boys" (como são carinhosamente chamados por mim e pelo Omar) estão chegando! Vêm passar uns dias aqui a trabalho, mas não importa. A saudade vai diminuir um pouquinho enquanto estiverem aqui. E vão ficar bem pertinho de mim: aqui em casa.

Em dezembro eles foram embora do Brasil morar nas Filipinas e depois Tailândia. Deixaram um vazio muito grande. Não só em mim, mas principalmente em mim. Já haviam morado em vários países, mas foi aqui que deixaram marcas mais profundas de sua passagem.

O Armando, nascido no Brasil mas crescido fora, resgatou suas raízes tupiniquins. Chegou falando um português meio paraguaio e saiu lançando de mão até de ditados populares.

O Jeremy, americano de NY, em pouco tempo deixou ser um peixe-fora-d'água para ficar que nem pinto no lixo. Até português para conversar em butiquim ele aprendeu. Até amigos na Tijuca ele fez.

E agora eles vêm pro Rio de Janeiro, cidade maravihosa, que comigo, vai recebê-los de braços e coração abertos.

Marcadores:

terça-feira, julho 04, 2006

fui descoberta...

Há dois dias tomei coragem de me aventurar escrevendo neste blog. A idéia era desabafar, escrever bobagens, mentiras e verdades, pensamentos perturbados, sei lá. Confessei à Vanessa minha empreitada (ou aventura?) em busca de ajuda. Queria umas dicas porque ler manuais e seguir instruções não estão entre as minhas aptidões. É um grande mistério: sempre faço tudo que o manual manda e nunca nada acontece como deveria. Não consigo nem seguir indicações de como chegar a algum lugar. Mas quando aprendo, ahhh! eu não esqueço mais.

Hoje, depois de passar dois dias bisbilhotando o Blogspot para deixar o meu blog tão customizado, eficiente e bonitinho quanto o do Edu, mandei um email pra ele, mesmo sabendo que poderia ser descoberta. Mesmo não estando pronta para ser lida por outros olhos. Especialmente os olhos do Edu, que escreve como um Meister. Ferozmente e lindamente. Tenho até um medinho aqui dentro do peito de ele descobrir como escrevo mal, ainda. Mas o meu receio de ser descoberta já estava desatualizado: ele já tinha me descoberto! Parece que foi atavés de uma poderosa arma "internáutica", Technorat, que não sei se envia um aviso de novos blogs ou de novos blogs ruins. Assim como se funcionasse como um alarme de "NÃO LEIA!!) Ha!Ha!Ha! Ah, se eu soubesse inserir um Smiley...



Até mais tarde ou até amanhã.




Marcadores: , , ,

segunda-feira, julho 03, 2006

hiperatividade?



Aí estão as minhas meninas: Kitty e Pagú. Loucas. Completamente loucas. Como todos os gatinhos devem ser. Brincandeira não tem hora, quer dizer, a hora predileta é de madrugada, em cima da minha cama. Tipo 4 ou 5 da manhã. Finalmente, depois de muitas broncas (de madrugada eu nunca me lembro que são seres irracionais por mais inteligentes que sejam) agarro as meninas pela nuca e boto pra fora. Mas quem sou eu para falar de hiperatividade? Estou aqui na minha cama escrevendo neste blog, jogando buraco online e vendo um filme na tv. Dizem que os animais são um reflexo do seu dono. Será?

Marcadores: , ,

sorte ou desespero de iniciante?

Blog Dia 01: Até agora não acertei nada. O que era pra ser um cantinho de confissões e pensamentos, virou um campo de batalha entre a vontade do blog e a pessoa que está entre a cadeira e o teclado (EU). Nesse momento, só o desespero toma conta de mim... Será que algum dia vou conseguir fazer um blog com fotos, imagens, daqueles bonitinhos? Eu era tão independente na hora de mexer num computador. Será que virei mulherzinha? Cara, eu era do tipo espertinha... O que aconteceu comigo? Não acho nem mais nada na minha cozinha. Bom, isso não pode servir como referência: é um território hostil pra mim dentro da minha própria casa. Que coisa, não? Isso até dá um gancho para aquelas resoluções de fim de ano que a gente faz, com aquelas promessas que sempre incluem dieta, plantar uma ávore e fazer uma boa ação. Aquelas que a gente nunca cumpre, sabe? No meu caso, acho que deveria ser: cozinhar sem envenenar ninguém. Acho que até as minhas gatas já sabem que eu nada sei de culinária. Já sei! Vou aprender a cozinhar! Mas só depois que aprender a mexer neste blog! Beijos e até um dia desses.

Marcadores: ,